Você já ouviu falar em hipertensão felina? Assim como em humanos, a pressão alta também pode afetar os gatos — especialmente os mais velhos. O grande desafio é que os sinais são muitas vezes silenciosos, e quando surgem, podem indicar que algo sério já está acontecendo.
Neste artigo, vamos te explicar como identificar os sinais da hipertensão em gatos, por que é uma condição que merece atenção, como é feito o diagnóstico e quais os riscos de não tratar corretamente.
O que é hipertensão felina?
A hipertensão arterial felina é o aumento persistente da pressão sanguínea. Em gatos saudáveis, os valores normais de pressão sistólica (máxima) variam entre 120-140 mmHg. Valores consistentemente acima de 160 mmHg são considerados hipertensão, e acima de 180 mmHg representam hipertensão grave com alto risco de lesões em órgãos-alvo.
A hipertensão pode ser classificada como:
Primária: sem causa aparente identificável (mais rara em gatos, representando menos de 20% dos casos).
Secundária: associada a outras doenças, como:
- Doença renal crônica (causa mais comum)
- Hipertireoidismo
- Diabetes mellitus
- Doenças cardíacas
- Hiperadrenocorticismo (mais raro)
Em que fase da vida ela se torna mais comum?
A hipertensão costuma aparecer com mais frequência em gatos idosos, geralmente a partir dos 7 a 8 anos. O risco aumenta significativamente após os 10 anos de idade, especialmente em gatos com doenças crônicas. Por isso, exames de rotina e check-ups regulares são tão importantes nessa fase da vida.
Frequência recomendada para check-ups:
- Gatos saudáveis de 7-10 anos: anual
- Gatos acima de 10 anos: a cada 6 meses
- Gatos com doenças crônicas: a cada 3-4 meses
Quais são os sinais de hipertensão em gatos?
Uma das grandes dificuldades no diagnóstico da hipertensão é que muitos gatos não apresentam sintomas nos estágios iniciais. Quando os sinais aparecem, podem ser confundidos com outras doenças. Os mais comuns incluem:
- Mudança de comportamento (agitação, miados excessivos, confusão)
- Diminuição do apetite
- Fraqueza ou letargia, especialmente nos membros posteriores
- Perda repentina da visão (pupilas dilatadas, desorientação)
- Hemorragias nos olhos (detectáveis em exame de fundo de olho)
- Convulsões (em casos mais graves)
- Sangramento nasal (epistaxe) em casos raros
A perda de visão é um sinal que deve acender o alerta imediatamente. Muitas vezes, é o primeiro sintoma percebido pelo tutor, e pode indicar um pico de pressão que causou descolamento de retina — algo que, se não tratado em até 24-48 horas, pode ser irreversível.
Como é feito o diagnóstico?
A medição da pressão arterial em gatos é feita com aparelhos semelhantes aos usados em humanos, mas adaptados ao tamanho dos felinos. O procedimento é rápido, indolor e exige apenas que o gato esteja calmo e tranquilo, de preferência em ambiente silencioso.
Para um diagnóstico preciso, recomenda-se:
- Realizar múltiplas medições (geralmente 5-7) e calcular a média
- Descartar a primeira medição (que tende a ser mais alta devido ao estresse)
- Fazer as medições em ambiente tranquilo após um período de aclimatação
Além da aferição da pressão, o veterinário pode solicitar:
- Exames de sangue e urina (para investigar doenças renais e outras causas secundárias)
- Exames oftalmológicos (para avaliar possíveis danos nos olhos)
- Ecocardiograma e eletrocardiograma (em casos com suspeita de doença cardíaca)
- T4 total (para avaliar função da tireoide)
Como é o tratamento da hipertensão felina?
O tratamento costuma envolver:
Medicamentos anti-hipertensivos, conforme avaliação médica.
Controle da doença de base, quando a hipertensão é secundária.
Mudanças na alimentação:
- Dietas com restrição de sódio (moderada, não severa)
- Dietas renais específicas para gatos com doença renal crônica
- Suplementação com ácidos graxos ômega-3 pode ter efeito benéfico adicional
Monitoramento frequente da pressão arterial:
- Semanalmente nas primeiras 4 semanas de tratamento
- A cada 3-4 meses após estabilização
Quais os riscos de não tratar corretamente?
A hipertensão, quando não tratada, pode causar danos sérios e irreversíveis em órgãos importantes:
- Olhos: descolamento de retina, hemorragias na retina e cegueira
- Cérebro: convulsões, alterações neurológicas, possibilidade de AVC
- Coração: aumento do coração (hipertrofia) e insuficiência cardíaca
- Rins: aceleração da progressão da doença renal crônica, proteinúria
- Vasos sanguíneos: danos à parede dos vasos, aumentando risco de hemorragias
Prognóstico
Com diagnóstico precoce e tratamento adequado, o prognóstico para gatos hipertensos pode ser bom. Estudos mostram que:
- Cerca de 80% dos gatos respondem bem ao tratamento medicamentoso
- A terapia geralmente é necessária por toda a vida
- A progressão de danos aos órgãos-alvo pode ser significativamente reduzida
- A expectativa de vida depende principalmente da doença de base (quando secundária)
- Gatos com hipertensão primária bem controlada podem ter anos de vida com qualidade
Como posso ajudar meu gato a viver bem com hipertensão?
Se o seu gato é idoso ou tem alguma das doenças associadas à hipertensão, a melhor forma de cuidar dele é:
- Levar para check-ups veterinários com regularidade conforme a frequência recomendada pelo seu médico veterinário
- Observar mudanças de comportamento ou sinais nos olhos
- Manter os exames em dia
- Seguir o tratamento conforme orientação do médico-veterinário, sem interromper medicações por conta própria
- Oferecer uma alimentação de qualidade e um ambiente tranquilo
- Administrar medicações de forma consistente e no mesmo horário
- Manter um diário de possíveis sintomas para discutir nas consultas
A hipertensão felina é uma condição séria, mas que pode ser controlada com o diagnóstico precoce e o tratamento adequado. Muitas vezes silenciosa, ela exige atenção redobrada — especialmente em gatos mais velhos ou com doenças crônicas.
Se você tem dúvidas sobre a saúde do seu gato ou quer incluir a medição da pressão nos exames de rotina, entre em contato com o Hospital Veterinário Cats. Estamos aqui para garantir mais saúde e qualidade de vida ao seu companheiro felino.