“Meu gatinho é renal“, se você é tutor de gatos (especialmente adultos ou idosos) você já deve ter dito isso para alguém, se não aconteceu isso, você já deve ter ouvido isso de algum tutor!
A Doença Renal Crônica (DRC) é uma doença muito comum em gatos (chegando a atingir 20% dos felinos), especialmente adultos e idosos, ele á caracterizada pela perda progressiva da função dos rins ao longo do tempo, e como os rins desempenham um papel vital na filtragem de resíduos do sangue e na regulação do equilíbrio eletrolítico, a progressão da doença pode trazer dor e sofrimento para o gatinho.
Mas o que causa a doença renal em gatos?
A doença renal é multifatorial, ou seja, não tem um agente causador único, diversas condições como a saúde, a alimentação e até o ambiente podem contribuir para elevar (ou reduzir) o risco de desenvolvimento.
Dentre as condições que contribuem para o desenvolvimento da doença renal em gatos estão:
- Idade avançada
- Doença periodontal
- Hipertensão
- Doenças cardíacas
- Infecções do trato urinário recorrentes
- Diabetes mellitus
- Obesidade
- Uso prolongado de medicamentos (anti-inflamatórios não esteroides e antibióticos)
- Intoxicação (produtos químicos, plantas tóxicas, etc)
- Má alimentação
- Desidratação/pouca ingestão de água
Quais os sintomas da doença renal crônica em gatos?
Os principais sintomas da DRC são:
- Aumento de sede (polidipsia)
- Alteração da micção (urinam em maior volume, urinam mais vezes, apresentam dificuldade para urinar) (poliúria)
- Perda de peso progressiva
- Desidratação
- Vômito e diarreia
- Perda de apetite (anorexia)
- Pelagem opaca e sem brilho
O maior problema é que esses sintomas podem ser imperceptíveis para o tutor no dia a dia de convívio com o gatinho. Por serem progressivos pode ser muito difícil notar a alteração na micção, na sede, no apetite e até na perda de peso! Especialmente se há mais de um gato em casa.
Ao contrário de outras doenças, que causam uma perda de peso grande num curto espaço de tempo, isso tende a não ser comum na Doença Renal Crônica, o que leva muitas vezes a um diagnóstico tardio, já com um comprometimento mais grave das funções renais.
É por isso que é tão importante realizar os check-ups anuais com um veterinário de confiança, que possa estabelecer um acompanhamento da saúde do gatinho.
Como saber se um gato tem doença renal? Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da Doença Renal Crônica se dá pela junção da análise clínica, exames laboratoriais (hemograma e urina) e ultrassonografia dos rins.
Os principais parâmetros utilizados são creatinina, fósforo, potássio, alterações morfológicas nos rins, desidratação e perda de peso.
Como é o tratamento para um gatinho com doença renal crônica?
A Doença Renal Crônica não tem cura, o tratamento busca gerenciar os sintomas, retardar a progressão da doença e promover melhor qualidade de vida ao gatinho.
O tratamento depende muito do estágio de progressão da doença, que vamos tratar em outro artigo, mas o quanto antes for diagnosticada a condição, mais efetivo se torna o tratamento.
Basicamente a doença renal crônica requer atenção especial com a alimentação, hidratação, medicamentos e acompanhamento médico.
Inicialmente é preciso optar por rações especificas para gatos renais, com teores controlados de proteína, fósforo e sódio, além de estimular a ingestão de água através do consumo de ração úmida e oferta de água em vários pontos da casa, especialmente através de fontes e bebedouros que evitem a água parada.
Também podem ser necessários o uso de medicamentos e suplementos, de acordo com condições adjacentes, como gatinhos renais com hipertensão, doença cardíaca ou diabetes.
Além disso se torna fundamental o acompanhamento médico, com exames trimestrais ou semestrais, a depender das condições de saúde do gatinho.
Nos casos mais avançados, como veremos no próximo artigo, pode ser necessário também fluidoterapia e outros cuidados paliativos para garantir a qualidade de vida e bem-estar do gato.
Referencias:
MAZUTTI, Monique Luiza da Cunha; FERREIRA, Ana Bianca Gusso. DOENÇA RENAL CRÔNICA EM GATOS: A IMPORTÂNCIA DOS ESTADIAMENTOS E DO DIAGNÓSTICO PRECOCE: REVISÃO DE LITERATURA. Arquivos Brasileiros de Medicina Veterinária FAG. v.4. n.1. 2021. Disponível em https://themaetscientia.fag.edu.br/index.php/ABMVFAG/article/view/400/495
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